sábado, 16 de fevereiro de 2008

Aulas

Em dois dias retornam as aulas.
Por um lado isso é bom. Eu gosto de estudar. Mesmo que seja algo tão limitado quanto medicina. Qualquer coisa que eu estude será limitada, depende de mim ampliar os horizontes. E é o que eu faço. Ou tento.
Mas em contrapartida... Vou voltar a conviver todos os dias com um mundo um tanto quanto deprimente. Para mim, pelo menos. Eu gosto da medicina, gosto do conhecimento, gosto da prática. Mas não me é motivo de orgulho, muito menos alvo de admiração.
Nada que não é belo pode ser admirado. Onde está a beleza da ciência médica (acho curioso que alguns chamem a medicina de arte, sendo que arte é tudo que ela não é)? Curar as pessoas, aliviar suas dores? Só considero isso belo no sentido de que tudo carrega seu quinhão de beleza. Desconsiderado o romantismo tolo, a cura e o alívio são as utilidades, os objetivos da medicina. Sendo então uma ciência útil e objetiva, não tem beleza: a utilidade e a objetividade são inimigas da beleza, inimigas da arte.
E quanto ao orgulho? Não deveria orgulhar-me do que faço? Não, é o que eu digo. Eu não considero que o fato de eu fazer uma coisa e não as demais deva ser motivo de orgulho. Médicos não são melhores que nenhum humano - por mais que boa parte dos meus colegas de curso e futuros colegas de profissão gostem de pensar assim. Assim como humanos não são melhores do que nenhum outro ser.
Gosto de estudar medicina, mas não a admiro, não me orgulho dela. E sequer acredito nela. Mas talvez eu não acredite em nada, no fim das contas.

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